sexta-feira, 15 de julho de 2011

Casagrande fala sobre o tratamento da dependência química no Faustão

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O comentarista e ex-jogador de futebol Walter Cassagrande subiu ao palco do programa Domingão do Faustão do último domingo para uma conversa sobre a volta por cima que deu em sua vida, após enfrentar problemas com as drogas.



O programa relembrou alguns momentos e gols marcantes de sua carreira. Casagrande parou de jogar em 1994, aos 31 anos, por problemas no joelho e pela falta que sentia da família. Ele lembrou o caso de muitos jogadores que fazem sucesso e depois param de jogar. “A primeira impressão é o sossego, mas depois o cara começa a sentir falta de alguma coisa. Acho que isso acontece em qualquer profissão. É querer preencher um vazio com outra coisa. Aí surge a depressão. Foi o que aconteceu comigo, eu virei comentarista, mas sentia falta de alguma coisa, sentia um vazio, não conseguia.”



O comentarista abriu o jogo sobre a sua relação com as drogas: “Foi uma curiosidade na adolescência, e com a minha parada de jogar, eu encontrei erroneamente um falso prazer que a droga te dá e anulava o vazio que eu tinha, mas era uma coisa muito falsa. Quando o efeito passava, o vazio ficava maior. Um dos efeitos da droga é o congelamento emocional, não te deixa nem feliz nem triste. O que te atrai nas drogas é que você não consegue lidar com aquilo sozinho.”



Atualmente, ele tem três psicólogos e faz tratamento com psiquiatra. “Às vezes, peço que me acompanhem quando eu saio, não é por medo de uma recaída, é porque eu fiquei muito tempo congelando minhas emoções e a gente se emociona com certas situações”, revela. No tempo em que ficou na clínica, um ano, Casagrande cuidava da horta e do jardim durante o dia.



Nos seus primeiros quatro meses internado, ele não aceitava a doença e queria ir embora, mas depois a ficha caiu. “Eu não sou uma pessoa ruim, nunca prejudiquei ninguém, estava prejudicando a mim mesmo, mas atrás de mim tem dois pais, irmãos, três filhos e amigos. E eu estava sendo egoísta, porque estava prejudicando a eles também. O dependente perde a crítica, não percebe.”



Casagrande comentou sobre um acidente ocorrido em 1997. Ele começou a ver visões e saiu de casa e foi para um hotel. Quando ele saiu, dormiu no volante e acabou capotando. “Ali, que fui internado.”



O comentarista lembrou que as drogas não escolhe raça, nem classe social. “É uma armadilha. Você tem que se tratar, caso contrário você volta.”



Para assistir à entrevista e ler a matéria na íntegra clique aqui.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

RDC 29 - 01 de julho 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011Combate ao Crack: Anvisa publica RDC 29/2011


Anvisa publica resolução sobre instituições comunitárias de recuperação de dependentes

A nova Resolução da Anvisa define requisitos sanitários para o funcionamento das instituições que prestam serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas.
Foi publicada hoje (1º/7) no DOU a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa - RDC nº 29/2011, que revoga e substitui a RDC nº 101/2001, sobre comunidades terapêuticas, instituições da sociedade civil que prestam relevante serviço para a mitigação da vulnerabilidade social de usuários e dependentes de drogas - hoje, especialmente o Crack.
A revisão da regulação da vigilância sanitária sobre o tema atende ao que aponta a nova política de enfrentamento do Crack e outras drogas, do Governo Federal.
Como a nova medida, espera-se que esse trabalho de recuperação seja feito de forma cada vez mais qualificada, tendo em vista, inclusive, os vindouros aportes de recursos financeiros do Governo Federal para a estruturação e o desenvolvimento de projetos de promoção da saúde, hábitos de vida saudáveis, terapia ocupacional, formação, geração de renda e inserção social.
Além disso, temos a perspectiva de maior aproximação dessas instituições, que funcionam como equipamentos sociais da comunidade, aos estabelecimentos e estratégias de prestação de serviços da rede assistencial de saúde, seja pública ou privada.
É importante destacar e agradecer o esforço coletivo que, em tempo mais que recorde, proporcionou a iniciativa, a elaboração, a interlocução e participação de interessados, os ajustes e a aprovação da resolução pela Diretoria Colegiada da Anvisa.
O esforço coordenado no Executivo envolveu a permanente interlocução e forte cooperação entre a Anvisa (em especial a área técnica Gerência-Geral de Serviços de serviços de saúde - GGTES), o Ministério da Saúde (representado pela Secretaria Executiva e Área Técnica de Saúde Mental da Secretaria de Atenção à Saúde - SAS), o Ministério da Justiça (por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – Senad), e a Casa Civil da Presidência da República (com a participação das Subchefias e Secretaria Executiva).
Anvisa integrou em junho a comitiva de 29 parlamentares da Comissão Especial de Políticas sobre Drogas em visita ao estado de Alagoas e Piauí (Foto: Sâmia Menezes, gabinete Sen. Wellington Dias)
Também foi fundamental para o processo regulatório a participação e envolvimento do Poder Legislativo, que instalou em 2011, na Câmara dos Deputados, a Comissão Especial de Combate às Drogas, e no Congresso Nacional, a Frente Parlamentar das Comunidades Terapêuticas. As atividades desenvolvidas pelos deputados e senadores aceleraram e qualificaram o trabalho relacionado à atualização da regulação sanitária sobre o tema.
A nova RDC 29 certamente em muito contribuirá para que mais pessoas envolvidas com o Crack e outras drogas possam ser acolhidas, recuperadas e reinseridas na sociedade.


Saiba mais:

Conheça as diferenças entre a antiga RDC 101/2001 e a RDC 29/2011.

Leia abaixo trecho adaptado da Nota Técnica nº 2/2011, da Anvisa, sobre a então proposta de norma aditada como RDC 29/2011:

(...)

A RDC 101/2001, conforme dispõe o seu art. 1º, disciplinou “as exigências mínimas para o funcionamento de serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas, segundo modelo psicossocial”, referidas na Resolução vigente como “Comunidades Terapêuticas”. Como era praxe à época na Anvisa, a Resolução estabeleceu um “Regulamento Técnico”, que foi referido na parte normativa do ato e integrou-a como Anexo.

Ao longo do período em que vige a norma, a realidade de uso e abuso de drogas no País se transformou, fazendo com que as necessidades relacionadas às ações de tratamento e reinserção social de pessoas com transtornos decorrentes dessas práticas mudassem. Assim, temos hoje um contexto de uso e abuso de drogas no País diverso daquele no qual foi elaborada a RDC 101/2001.

O novo contexto fez com que, durante o ano de 2010, a área afeta ao tema na Anvisa (GGTES) iniciasse novo processo de interlocução com outras esferas da Administração Pública Federal para levantar subsídios que culminassem na elaboração e aprovação de novos dispositivos normativos para a revisão da norma aprovada em 2001, há dez anos (cf. Ata de Reunião Comunidades Terapêuticas, no anexo).

Além disso, nos últimos anos a Anvisa tem recebido informações de estados e municípios que conformam um quadro diverso quanto à aplicação da norma, seja do ponto de vista das diferentes interpretações práticas do texto no momento das fiscalizações, seja da realidade mesma das próprias instituições nas regiões do Brasil, com grande variedade de capacidade de atendimento da norma.

Para ilustrar esse fato, vale citar como exemplo o procedimento administrativo em curso, instaurado pela Promotoria de Defesa do Cidadão do Ministério Público do Estado, para apurar os problemas sanitários em instituições abrangidas pela RDC 101/2001, identificados e fiscalizados pela vigilância sanitária de Goiânia. Até o dia 20/5/2011, data na qual foi realizada audiência com a participação da Anvisa, aquela Promotoria pretendia interditar a maior parte das 23 instituições identificadas no município, quase todas clandestinas (cf. “Relatório Preliminar do Programa de Inspeção e Orientação das Comunidades Terapêuticas, Goiânia - Goiás, Brasil” no anexo). Isso é um reflexo do rigor dos requisitos exigidos pela RDC 101/2001, hoje considerados pela Anvisa como excessivos.

A necessidade de revisitação do tema do combate às drogas não se circunscreve, por óbvio, ao campo regulatório da vigilância sanitária, que é responsável por pequena parte do problema. O tema é amplo e deve ser objeto de políticas públicas abrangentes e implementadas de forma intersetorial e federativa, envolvendo atores públicos e privados na sua execução.

As chamadas “comunidades terapêuticas” são exatamente um exemplo do esforço de mobilização social no âmbito privado, muitas vezes ligado a agremiações religiosas que atuam no apoio aos dependentes de drogas – especialmente o Crack – e suas famílias, para combater e reverter situações de vulnerabilidade social.

Exemplo da magnitude da preocupação do Poder Público com o tema é evidenciado na decisão do Parlamento de criar uma comissão especial para tratar exclusivamente do problema das drogas no País.

Somente em 2011, foram criadas no Congresso Nacional a “Comissão Especial destinada a promover estudos e proposições de políticas públicas e de Projetos de Lei destinados a combater e prevenir os efeitos do Crack e de outras drogas ilícitas (CEDROGA)”, da Câmara dos Deputados, e a “Frente Parlamentar das Comunidades Terapêuticas”, que conta com deputados e senadores.

Assim, a Anvisa tem sido chamada a participar das discussões e atividades promovidas pela CEDROGA e Frente Parlamentar, ao tempo em que tem procurado acompanhar as discussões do Ministério da Saúde e da Senad, no campo da formulação da política sobre o tema.

Recentemente, acompanhamos a Audiência Pública realizada em 8/6 na Câmara dos Deputados sobre o tema das comunidades terapêuticas, e integramos, em 9 e 10/6, a comitiva de 26 deputados e 3 senadores durante visita aos estados de Alagoas e Piauí para conhecer as políticas públicas sobre drogas e o funcionamento das comunidades terapêuticas daqueles estados.

Como resultado dessa interlocução, a Agência recebeu em 20/06/2011, das federações representativas das comunidades terapêuticas (fls. 43-55), propostas de alterações no texto da norma em vigor (RDC 101/2001), as quais foram avaliadas e consideradas pela GGTES para a elaboração da primeira proposta.
Além das contribuições das próprias instituições, para elaborar a proposta a Anvisa manteve interlocução permanente com o Ministério da Saúde e outros órgãos do Governo envolvidos com o tema.

Principais questões de mérito modificadas na revisão da RDC 101/2001

Licença Sanitária

Alteração de padrão tipo “estabelecimento de saúde” para “estabelecimento de interesse saúde”

Responsabilidade Técnica

Alteração de profissional “nível superior em saúde ou assistência social” para profissional de “nível superior”
Plano Terapêutico

Mudança de nomenclatura e retirada de exigências que caracterizem intervenção em saúde
Infraestrutura

Retirada de vinculação a normas que prevêem exigências para estabelecimentos de saúde

Além das questões de mérito, procurou-se avançar nas questões formais da norma proposta para promover a clareza e objetividade dos dispositivos, aplicados pelas autoridades sanitárias locais em todo o País, com o fito de evitar as interpretações diversas em diferentes localidades.


(...)


Trecho adaptado da Nota Técnica nº 2/2011, da Anvisa

Elaboração:

Chiara Chaves Cruz da Silva, Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Gerência-Geral de Serviços de serviços de saúde - GGTES da Anvisa; e

Pedro Ivo Sebba Ramalho, Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária e Assessor da diretora Maria Cecília Martins Brito.
 
Fonte: Blog "Estado, política e Regulação" - Pedro Ivo Sebba Ramalho

quarta-feira, 2 de março de 2011

COMO CUIDAR DE UM DEPENDENTE QUÍMICO

A Dependência Química é uma doença crônica progressiva, que tem como principal característica, a obsessão mental, seguida do uso compulsivo de determidada droga ou drogas .Todas as drogas causam narcose, que é o entorpecimento do sistema nervoso central, causando alteração neurológica, alterando o processo natural de captação e recaptação dos hormônios produzidos de modo natural pelo cérebro e por outras glândulas existentes no organismo humano, alterando o funcionamento das sinápses, responsáveis pela interligação das células do Sistema Nervoso Central.A inclusão da família no tratamento de dependentes químicos tem sido consideravelmente estudada, no entanto, não existe um consenso sobre o tipo de abordagem a ser utilizado, dentre as várias propostas. A literatura tem concluído que a terapia familiar e de casal produzem melhor desfecho quando comparada com famílias que não são incluídas no tratamento. Dentro deste contexto, três modelos teóricos têm dominado a conceitualização das intervenções familiares em dependência química: o modelo da doença familiar; o sistêmico e o comportamental.




O modelo de doença familiar considera o alcoolismo ou o uso nocivo de drogas como uma doença que afeta não apenas o dependente, mas também a família. Esta idéia teve origem nos Alcoólicos Anônimos, em meados de 1940, através dos livros de Black3 e Wegsheider4 que descrevem a criança que cresce em uma família que possui histórico familiar de alcoolismo e como as suas expectativas influenciarão seu comportamento adulto. Mais recentemente, estudos têm focado que a doença do alcoolismo manifesta sintomas específicos nas esposas e companheiros de dependentes químicos, dando origem ao conceito de co-dependência embora este tenha recebido críticas. Este modelo envolve o tratamento dos familiares sem a presença do dependente (Grupos de Al-Anon), que consiste em grupos de auto-ajuda com o objetivo de entender os efeitos do consumo de álcool e drogas por parte dos dependentes nos familiares e como reparar o que a convivência com um dependente faz na família, seguindo os princípios do AA.

Dependência Química não é “problema moral”, pois é sempre pertinente lembrar que o cérebro fica dependente das drogas adicionadas ao organismo, pois as mesmas passam a exercer as funções que os hormônios exercem de maneira natural.A abstinência , no ínicio do tratamento,requer em determinados casos tratamento alopático,ou seja, comalgum tipo de medicação com orientação de médico especializado, devido à síndrome de abstinência aguda, conhecida como “fissura”, que é aplicado de acordo com cada indivíduo. Sem tratamento adequado, a dependências química tende a piorar cada vez mais com ao longo do tempo.



As interações familiares podem reforçar o comportamento de consumo de álcool e drogas. O princípio é que os comportamentos são apreendidos e mantidos dentro de um esquema de reforçamento positivo e negativo nas interações familiares. O tratamento tem como objetivo a modificação do comportamento da esposa ou das interações familiares que podem servir como um estímulo para o consumo nocivo de álcool ou desencadeadores de recaídas, melhorando a comunicação familiar, a habilidade de resolver problemas e fortalecendo estratégias de enfrentamento que estimulam a sobriedade. Vários estudos referentes a este modelo descreveram desfechos melhores e redução na utilização da substância de abuso.



Características Presentes em Famílias de Dependentes Químicos:

O impacto que a família sofre com o uso de drogas por um de seus membros é correspondente as reações que vão ocorrendo com o sujeito que a utiliza. Este impacto pode ser descrito através de quatro estágios pelos quais a família progressivamente passa sob a influência das drogas e álcool:



1. Na primeira etapa, é preponderantemente o mecanismo de negação. Ocorre tensão e desentendimento e as pessoas deixam de falar sobre o que realmente pensam e sentem.

2. Em um segundo momento, a família demonstra muita preocupação com essa questão, tentando controlar o uso da droga, bem como as suas conseqüências físicas, emocionais, no campo do trabalho e no convívio social. Mentiras e o uso abusivo de álcool e drogas instauram um clima de segredo familiar. A regra é não falar do assunto, mantendo a ilusão de que as drogas e álcool não estão causando problemas na família.

3. Na terceira fase, a desorganização da família é enorme. Seus membros assumem papéis rígidos e previsíveis, servindo de facilitadores. As famílias assumem responsabilidades de atos que não são seus, e assim o dependente químico perde a oportunidade de perceber as conseqüências do abuso de álcool e drogas. É comum ocorrer uma inversão de papéis e funções, como por exemplo, a esposa que passa a assumir todas as responsabilidades de casa em decorrência o alcoolismo do marido, ou a filha mais velha que passa a cuidar dos irmãos em conseqüência do uso de drogas da mãe.

4. O quarto estágio é caracterizado pela exaustão emocional, podendo surgir graves distúrbios de comportamento e de saúde em todos os membros. A situação fica insustentável, levando ao afastamento entre os membros gerando desestruturação familiar.



Embora tais estágios definam um padrão da evolução do impacto das drogas, não se pode afirmar que em todas as famílias o processo será o mesmo, mas inevitávelmente existe uma tendência dos familiares de se sentirem culpados e envergonhados por estar nesta situação. Muitas vezes, devido a estes sentimentos, a família demora muito tempo para admitir o problema e procurar ajuda externa e profissional, o que corrobora para agravar o desfecho do caso.



E os filhos?

Crescer em uma família que possui um dependente químico é sempre um desafio, principalmente quando falamos do contato direto de crianças e adolescentes com esta realidade. Filhos de dependentes químicos apresentam risco aumentado para transtornos psiquiátricos, desenvolvimento de problemas físico-emocionais e dificuldades escolares. Dentre os transtornos psiquiátricos, apresentam um risco aumentado para o consumo de substâncias psicoativas quando comparado com filhos de não dependentes químicos, sendo que filhos de dependentes de álcool têm um risco aumentado em 4 vezes para o desenvolvimento do alcoolismo. No entanto, também é um grupo com maior chance para o desenvolvimento de depressão, ansiedade, transtorno de conduta e fobia social.



Em relação ao desenvolvimento de problemas físico-emocionais, é predominante a baixa auto-estima, dificuldade de relacionamento, ferimentos acidentais, abuso físico e sexual. Na maioria das vezes os filhos sofrem com uma interação familiar negativa e um empobrecimento na solução de problemas, uma vez que estas famílias são caracterizadas como desorganizadas e disfuncionais. Aproximadamente um a cada três dependentes de álcool tem um histórico familiar de alcoolismo e a probabilidade de separação e divórcio entre casais é aumentada em 3 vezes quando esta união se dá com um dependente de álcool. Fatores como falta de disciplina, falta de intimidade no relacionamento dos pais e filhos e baixa expectativa dos pais em relação à educação e anseios dos filhos também contribuem para o desenvolvimento de problemas emocionais, bem como o consumo de substâncias psicoativas.



Estudos sobre violência familiar retratam altas taxas de consumo de álcool e drogas, sendo que filhos geralmente são as testemunhas da violência entre o casal e família, e por vezes alvo de abusos físicos e sexuais. Esta população também está mais freqüentemente envolvida com a polícia e com problemas legais quando comparados com filhos com ausência de pais dependentes químicos.



No que tange as dificuldades escolares, filhos de dependentes de álcool apresentam menores escores em testes que medem a cognição e habilidades verbais uma vez que a sua capacidade de expressão geralmente é prejudicada, o que pode dificultar a performance escolar, em testes de inteligência, empobrecimento nos relacionamentos e desenvolvimento de problemas comportamentais. Este empobrecimento cognitivo em geral se dá pela falta de estimulação no lar, gerando dificuldades em conceitos abstratos, exigindo que estas crianças tenham explicações concretas e instruções específicas para acompanhar o andamento da sala de aula.



Estudo realizado no CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de Dependentes Químicos) , situado na periferia de São Paulo, detectou que na maioria das famílias o pai é o dependente químico (67%), tendo como substância de escolha o álcool (75%). 59% dos cônjuges que não eram dependentes químicos apresentaram risco aumentado para a ocorrência de transtornos em saúde mental. Nas crianças foi observado timidez e sentimento de inferioridade; depressão; conflito familiar; carência afetiva e bom nível de energia que é indicativo de equilíbrio emocional e mental. Nos adolescentes, foi observado maior índice de problemas em Desordens Psiquiátricas, Sociabilidade, Sistema Familiar e Lazer/ Recreação.

Apesar de seu estado de risco, é importante salientar que grande parte dos filhos de dependentes de álcool é acentuadamente bem ajustada, e por tal uma abordagem preventiva de caráter terapêutico e reabilitador pode ser de vital importância no desenvolvimento saudável de filhos de dependentes químicos.



Tratamento

Inicialmente a disponibilidade dos membros será um fator relevante para um bom encaminhamento, no entanto nem sempre isso é possível. Por isso algumas intervenções que antecedem este processo são favoráveis, como atendimentos individuais às esposas ou pais e/ou intervenções de orientação e suporte. É através do atendimento familiar que os membros passam a receber atenção não só para suas angústias, como também começam a receber informações fundamentais para a melhor compreensão do quadro de dependência química, e conseqüentemente melhora no relacionamento familiar. Uma avaliação familiar pode ser um grande auxiliar no planejamento do tratamento; fornece dados que corroboram com o diagnóstico do dependente químico, bem como funciona como forte indicador do tipo de intervenção mais adequado tanto à família quanto ao dependente.



Muitos fatores de diversas etiologias contribuem para o desenvolvimento da dependência química, no entanto, a organização familiar mantém uma posição de saliência no desenvolvimento e prognóstico do quadro de dependência química. Neste sentido, a abordagem familiar deve ser considerada como parte integrante do tratamento e um programa bem sucedido é essencial para um desfecho favorável. Daí a necessidade de se especificar o tipo de intervenção de acordo com a meta do tratamento e as necessidades e capacidades da família, evitando adiantar-se a prontidão e motivação da mesma para a mudança.



Autor: Neliana Buzi Figlie/ Adaptado

domingo, 30 de janeiro de 2011

Quais as diferenças e/ou semelhanças entre as drogas depressoras, estimulantes e perturbadoras?

Depressoras: Essa categoria inclui uma grande variedade de substâncias, que diferem

acentuadamente em suas propriedades físicas e químicas, mas que

apresentam a característica comum de causar uma diminuição da atividade

global ou de certos sistemas específicos do SNC. Como conseqüência

dessa ação, há uma tendência de ocorrer uma diminuição da

atividade motora, da reatividade à dor e da ansiedade, e é comum um

efeito euforizante inicial e, posteriormente, um aumento da sonolência.

Pertubadoras: Nesse grupo de drogas, classificam-se diversas substâncias cujo efeito

principal é provocar alterações no funcionamento cerebral, que resultam

em vários fenômenos psíquicos anormais, entre os quais destacamos

os delírios e as alucinações.

Estimulantes: São incluídas nesse grupo as drogas capazes de aumentar a atividade

de determinados sistemas neuronais, o que traz como consequências

um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos.

As diferenças ou semelhanças, são intrínsecas ao uso, estado e de uso e preferência de resultado de cada droga usada, tendo em vista o acesso a cada uma. Deflagrada a Dependência Química, a diferença ou semelhança técnica de cada droga, não tem importância alguma para o usuário, o que realmente importa é fazer uso da SPA, e não havendo a SPA de preferência, qualquer uma de qualquer grupo, de qualquer calssificação, é usada para causaro efeito desejado, mesmo que para isso tenha que se fazer uso de "doses" diferenciadas, não importando o risco.

Classificar drogas tecnicamente é fácil, quando se está lúcido, sóbrio, porém impossível quando a composição química estiver fazendo falta ao SNC. Toda técnica, toda sabedoria, toda uma rede não é capaz de conter o ímpeto voraz de aliviar a dor do prazer e barrar o consumo cego de qualquer droga por mais lícita, terapêutica, medicamentosa, ou até mesmo ilicita que seja. Até mesmo crimes são cometidos para suprir o desejo, ânsia de uso da SPA.

Não há como dimensionar o real valor de uma educação/prevenção ao uso abuso de SPA.

Parabens a todos os que se envolvem nesta luta, combatendo o bom combate, na perspectiva de dias melhores para a sociedade brasileira.

Osmar Gonçalves